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29.1.21

Desintoxicação

Emergi numa sombria plenitude onde todos os meus pensamentos não estavam em conformidade com os meus princípios, e dei por mim a duvidar e repensar em todas as fases da minha vida. Em tudo o que foram decisões e sobre as quais afetaram o meu percurso ou a minha personalidade. Que solo ando eu a plantar para que qualquer coisa seja fertilizada e cresça na minha mente como batatas podres numa quinta de terreno árido? Porém não é isso que eu criei como objetivo, não foi isso que eu idealizei para mim, não me via nesses cenários, sendo positiva, esperançosa, sonhadora, imaginava um caminho diferente traçado e alcançado por mim. 

Mas não foi bem assim que aconteceu. 

Não foi de todo o que eu projetei, mas o primeiro passo para a mudança é a percepção da mesma. 

É a noção de que, para esse solo se tornar saudável temos de podar ervas, pegar no ancinho e limpar os terrenos, torná-los próprios para cultivo. Porém o uso da ferramenta correta é essencial! De que adianta pegar numa pá, abrir buracos, atirar sementes e não termos de todo preparado a terra para o cultivo? 

Rosas não nascem de terrenos minados. 

Funciona da mesma maneira na nossa mente, onde a ferramenta somos nós mesmos. Por vezes um pouco enferrujados mas mesmo assim ainda em condições de manuseio. Temos de nos desenferrujar , colocar as luvas e mãos à obra!

É assim o início da solução. 

Visualizar o problema (interior), preparar a bancada de trabalho para a limpeza do mesmo (curar as feridas, fechar capítulos, arrumar as gavetinhas da nossa cabeça) e plantar novas colheitas, novas ideias, novas atitudes e pensamentos. Plantar saúde mental é de facto se tornar saudável! Vai custar, é demoroso, mas os frutos são bem mais saboros. E aí poderei visualizar e projetar aquilo que eu julgava apropriado para mim. Nunca é tarde para mudar, melhorar, aprimorar e limar as arestas dentro de nós, só assim crescemos e nos permitimos ser quem sempre visualizamos. E devagarinho essa plenitude sombria que me preenche aos poucos é desintoxicada e expulsa da minha mente. 

17.1.21

Triste

É triste, quando as borboletas morrem e parece que toda a ilusão de um futuro é esquecida e apagada da nossa mente. Quando te mostram que o que tu esperas é apenas e meramente um filme na tua cabeça e a vida não é um filme.
Sim, a vida não é um filme.
A vida não costuma ter finais felizes, e a vida trata de mo mostrar constantemente.
Eu perco por ser e por não ser. Por dizer e por não dizer. Por existir e por não existir.
Eu perco.
A vida tem disso.
O que é maioritariamente triste é a maneira como caímos na ilusão de que temos controlo de como a vida pode ser, como as coisas podem correr, e é isso, apenas uma ilusão.
Não percebo como é fácil as pessoas serem frias, distantes, normalizem e banalizarem desgostos, quedas, falhas, e não darem importância a certos detalhes.
Porque na verdade o que importa é detalhes.
Porque na verdade ao que te agarras é a isso, detalhes.
Mas depois vem a vida e mostra-te que os detalhes são nada. Os detalhes são armadilhas.
Armadilhas para a ilusão, armadilhas para te agarrares a esperança que já deveria ter morrido, à força que já não deveria ser imposta em nada.
E tu burra, cais nas armadilhas, cais na falsa esperança de que o filme que tu construiste pode ser por aquele caminho.
Não pode.
Não esperes.
Não tenhas ilusões.
Sonha sim, mas sonha com as coisas certas, as coisas alcançáveis.
Porque a queda é menor se vires alguma luz ao fundo do túnel. 
Ou aprende a esperar cair, aprende a aceitar que vais falhar, não esperes o contrário, espera que tudo dê errado, assim qualquer degrau é uma vitória e não te desiludes com as armadilhas do caminho.
Assim a vida pode ser menos triste.